De antemão, esta é uma série de filmes documentais sobre as quatro diferentes regiões do Vale do Ribeira: Alto Vale, Médio Vale, Complexo Estuarino Lagunar e Alto Juquiá/São Lourenço – com temas que passam pela preservação dos recursos naturais e das águas da região está sendo produzida em um ciclo formativo realizado pelo Comitê de Bacias Hidrográfica Ribeira do Iguape e Litoral Sul de SP.
Cuidadores das águas, é uma proposta formativa engajada pelo cuidado com a água, e para cuidar da água é preciso conhecê-la.
Foi assim que os Cuidadores das Águas – o produtor de cinema residente na região, Leonardo Branco e a engenheira Clio Ribeiro, o agrônomo e agente técnico da CAT Eduardo Zahn, a socióloga e coordenadora da Câmara Técnica de Educação Ambiental do CBH-RB Tais Canola e o educador ambiental Victor Hugo Medina – saíram em campo.
Juntamente com Arthur de Leos, Grace Luzzi, ambos produtores audiovisuais, trabalharam em campo acompanhados pelo diretor de fotografia e editor, Fábio Ranzzani .
Nas saídas, imagens lindas como o encontro do Rio Juquiá com o Rio São Lourenço, a represa do rio Juquiá, no Parque Estadual do Jurupará. Na região de Pariquera-Açu as filmagens mostram a força do plantio agroflorestal.
Neste mesmo dia a equipe partiu para Barra do Turvo, no sítio agroflorestal do SR onde o agricultor José Pereira mostrou as diversas espécies que planta no seu sítio e conta que através dessas técnicas de plantio garante renda e comida saudável o ano inteiro, para sua família e seus clientes.
Em Itaóca, na região do Alto Vale, a equipe foi recebida pelo Diretor de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura local, Jonas Mendes Júnior que falou sobre os principais desafios locais: o desenvolvimento econômico e a proteção dos recursos naturais. “Hoje em Itaoca temos uma grande pressão com o plantio de pinus. Essa cultura apresenta um impacto negativo para a biodiversidade da região, pois é evidente a pobreza de espécies onde se planta pinus na região.”
Uma das regiões mais preservadas de Mata Atlântica do Brasil
O último dia de gravação foi no Estuário Lagunar. Lá a monitora ambiental Tauany Mitsunaga e o biólogo João Vicente Coffani, participantes do curso, entrevistaram o líder comunitário Sidney Coutinho, na Reserva Extrativista Comunidade Remanescente de Quilombo de Mandira. O local abriga hoje cerca de 25 famílias que vivem do cultivo da Ostra através da técnica de viveiro no mangue.
Todas as etapas das de gravação, tiveram a participação dos Cuidadores das Águas tanto na realização de entrevistas como na produção do roteiro e filmagem.
Grace Luzzi, formadora de audiovisual do curso fala da importância de pôr a mão na massa e também de integrar as experiências diferentes dos territórios com os participantes. “ Muito bom poder trocar conhecimento, experiências positivas e também os problemas, afinal cada participante do curso é de uma região.”
As experiências para manter a preservação do Vale do Ribeira
Além disso, histórias e personagens são um dos argumentos da narrativa desenvolvida pelos participantes para nortear a produção audiovisual. Nesse caminho das águas é possível dar a voz para histórias reais do território sobre a perspectiva dos diferentes usos da água – agrofloresta, rios, comunidades tradicionais.
Para o coordenador da Câmara Técnica do Alto Juquiá no CBH RB, Paulo Silva, a lei dos mananciais e a participação da sociedade civil na gestão das águas é bem importante.
Por fim, Marcelo Fukunaga, o agricultor de Pariquera-açu, deu um depoimento emocionante. “Quando minha filha nasceu, eu não tinha coragem de levar pra ela comer o que eu mesmo plantava, pois sabia que a comida estava impregnada de veneno”. E foi aí que ele fez a transição entre um um processo convencional de plantio para um processo agroflorestal.
As filmagens se encerraram na asa norte da Ilha Comprida, na região do Complexo Estuarino Lagunar, com o educador ambiental Cristian Negrão, que falou do impacto dos resíduos sobre a fauna marinha local: “Não podemos mais deixar que atrocidades, com a morte de animais marinhos, pela ingestão de plástico, ocorre frequentemente no nosso litoral. É preciso uma mudança de atitude de todos nós!”