Painel reuniu jovens lideranças indígenas e periféricas, além de representantes da sociedade civil e do governo federal

Representantes da juventude brasileira se reuniram na manhã de quinta-feira (13), no Pavilhão Brasil da Green Zone, para dialogar sobre práticas de Educação Ambiental e Climática em seus territórios. A partir de diferentes vivências, partilharam suas experiências enquanto educadores e lideranças ambientais e reforçaram a necessidade da participação da juventude na construção de políticas públicas. O painel contou com representantes do movimento indígena, das periferias, da sociedade civil organizada e do governo federal, com mediação de Mahryan Sampaio, presidente do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA). 

Txai Suruí, liderança indígena do povo Paiter Suruí, fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e integrante do grupo consultivo sobre mudanças climáticas da ONU, esteve presente e ressaltou a educação enquanto parte fundamental da defesa de direitos e diferentes modos de vida. Txai também acrescentou que a educação pode incentivar não indígenas a se envolverem com a proteção dos territórios, florestas e biodiversidade, “no sentido de ensinar às pessoas que essa não é uma luta só nossa”, disse. “São as florestas que garantem a água pura, o ar que a gente respira. E esse ar, essa água, não escolhe que pulmão, não escolhe quem vai beber. A gente vem fazendo um trabalho para o mundo”. 

Quem também utiliza a educação como método de defesa de territórios marginalizados é Mariana Teixeira, educadora e articuladora do Instituto Perifa Sustentável. Mariana compartilhou sua experiência enquanto jovem que vive na zona norte de São Paulo. “A cidade é propositalmente feita para ir ao centro trabalhar. A gente não consegue se articular entre a gente (…) e na educação isso também é muito colocado para que a gente não se veja, não se potencialize, para que a gente não pense as nossas próprias metodologias, a nossa própria educação”, disse

Durante o painel, ela apresentou a Carta de Direitos Climáticos da Juventude da Brasilândia, documento elaborado por alunos do projeto “Vozes climáticas” do Instituto Perifa Sustentável. O texto reúne dados sobre a vulnerabilidade climática do território, mas também ressalta o protagonismo das periferias em desenvolver e aplicar soluções climáticas locais. Mariana explica que a carta “funciona como uma ferramenta de incidência para que o poder público e outros tomadores de decisão considerem as realidades periféricas e construam respostas climáticas que, de fato, salvem vidas”. 

Quem também compôs a mesa foi Pedro Cardim, educador ambiental e colaborador do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (DEA/MMA). Pedro trouxe a perspectiva da educação enquanto meio para reduzir a “culpabilização individual”, entendendo que a crise do clima é um problema sistêmico e destacou o protagonismo da juventude na construção de políticas públicas. 

Gaio Jorge, delegado eleito representante do bioma Mata Atlântica na COP 30, fez o encerramento do painel. Criado em Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro, o jovem fez uma fala sobre a importância da representatividade de diferentes territórios na agenda do clima e como políticas públicas de qualidade podem garantir a presença de juventudes em espaços de tomada de decisão. “Quando a gente fala sobre Educação Ambiental e Educação Climática, vem muito nessa percepção de que a gente precisa se reconhecer nesse lugar (…) e eu sou fruto de várias políticas públicas que me fizeram chegar aqui”, disse.

A partir da partilha de diferentes experiências, os cinco jovens presentes no painel reforçaram a transversalidade da educação e o seu papel na agenda climática. Também demonstraram o lugar da juventude brasileira na construção de políticas públicas que considerem as diferentes necessidades e reivindicações dos territórios.