O financiamento para um dos 34 hotspots mundiais foi tema de mesa realizada na  Casa da Mata Atlântica, que contou com a participação do FunBEA e de representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), da ONG SOS Mata Atlântica e do Movimento União dos Atingidos. O diálogo “Estratégias de financiamento colaborativo para gerir crise climática na Mata Atlântica”, uma das programações que compõem a agenda do FunBEA durante a COP 30, foi pautado pelos temas da regeneração, da distribuição de recursos para os territórios e comunidades e dos caminhos e arquiteturas de financiamento desenvolvidas e implementadas pelo Sul Global. A tragédia climática que atingiu o litoral norte de São Paulo em 2023 também foi uma das pautas centrais da manhã, como um exemplo de injustiça climática e racismo ambiental. 

Afra Balazina, da ONG SOS Mata Atlântica, fez a abertura da mesa apresentando dados e estudos que revelam a importância da conservação e regeneração do bioma. “Eventos extremos vão acontecer com cada vez mais frequência. A mata atlântica é o maior alvo desses eventos e a que mais impacta diretamente as pessoas, porque é o bioma mais habitado”, disse. 

Afra também pontuou que proteger a Mata Atlântica é garantir qualidade de vida para as populações. 

Fernanda Amarelo Santana, do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), reforçou o protagonismo das comunidades no desenvolvimento de soluções climáticas locais e o papel da Educação Ambiental na formulação de Políticas Públicas. “As comunidades mais vulneráveis são as que mais sofrem e são as que já tem a solução, porque estão se virando na ponta, e é onde o recurso não chega”, disse. 

Cosme Vitor, liderança comunitária, é um exemplo vivo de como esses eventos extremos atingem o bioma da Mata Atlântica e as comunidades vulneráveis. Ele atua ao lado do Movimento da União dos Atingidos, que surgiu a partir da tragédia climática do litoral norte de São Paulo de 2023 e fez uma fala sobre a sua experiência de luta por moradia, regularização fundiária e dignidade. A União dos Atingidos foi um dos apoiados na Chamada Pública FunBEA pela Justiça e Educação Ambiental. “A gente precisa muito de apoio, porque sem esse apoio a gente fica muito precarizado, muito vulnerável”, disse Cosme. 

O FunBEA acredita que a redistribuição de poder, financiamento e recursos para os territórios são fundamentais para o enfrentamento à crise climática. Semíramis Biasoli, secretária-geral do FunBEA, reforçou esse posicionamento durante sua fala e destacou, ainda, o trabalho feito de maneira conjunta e colaborativa entre sete fundos independentes que atuam no bioma da Mata Atlântica: a Aliança Territorial da Rede Comuá. O FunBEA integra essa iniciativa que reúne também a Casa Fluminense, Instituto Baixada, ICOM, Procomum, Redes da Maré e Tabôa Fortalecimento Comunitário

Semíramis ressaltou que as arquiteturas de financiamento desenvolvidas e implementadas por fundos do Sul Global são responsáveis, éticas e eficientes. Ela também destacou a atuação desses fundos para fortalecer as Soluções Climáticas Locais (SCLs), iniciativas desenvolvidas pelas próprias comunidades de enfrentamento às consequências da crise climática.

Assista ao depoimento de Afra Balazina, da SOS Mata Atlântica, para saber um pouco mais sobre a mesa.