Juventude do coletivo socioambiental ReUNA colabora na construção de viveiro na Aldeia Rio Silveiras

Em setembro de 2024, o FunBEA deu início a um processo de partilha de saberes, experiências, angústias e sonhos: as Comunidades de Aprendizagem (CA). Como parte da metodologia do apoio indireto (formador) da Chamada Pública pela Justiça e Educação Ambiental Climática, as CA’s são encontros presenciais em que lideranças e integrantes dos 18 coletivos e movimentos apoiados pela Chamada, têm a oportunidade de compartilhar suas atuações, num movimento de entrega e inspiração. Esses encontros também possibilitam novos afetos, amizades e conexões, ferramentas indispensáveis para a luta socioambiental. É por meio dessas relações que se formam alianças e se recupera o fôlego para seguir adiante.

E durante uma edição da Comunidade de Aprendizagem realizada no Quilombo da Caçandoca, em Ubatuba, uma nova aliança começou a ser formada entre o Coletivo ReUNA e o Pajé Sérgio Karai, líder espiritual da Aldeia Rio Silveiras. Antes desconhecidos, hoje são parceiros na vontade de criar e fortalecer novas maneiras de interação com o mundo e com a natureza. Em maio, o Coletivo ReUNA levou um grupo de jovens e crianças da EM Profª Sebastiana Costa Bittencourt, localizada na praia de Barra do Una, à Aldeia Rio Silveiras. Lá, os visitantes colaboraram com a construção do Viveiro de Mudas Medicinais da Mata Atlântica, iniciativa do Pajé apoiada pelo FunBEA. 

A programação do dia foi construída de maneira colaborativa e compartilhada. “A proposta sempre foi pensar o que seria interessante para o Pajé e com o que poderíamos fortalecer projetos que eles já têm na aldeia, no núcleo dele. Ele falou do viveiro e nós combinamos de fazer um mutirão para a sua construção”, conta Natália Leister, educadora no ReUNA. Também fizeram parte da construção da programação as educadoras Juliana Moraes e Natália Frizzo, ambas integrantes do ReUNA. Além do mutirão, as crianças tiveram a oportunidade de ouvir o Pajé Serginho sobre os saberes indígenas ancestrais, realizar pintura corporal, conhecer a Agrofloresta da Aldeia Rio Silveiras e, ainda, participar de uma oficina de desenho de observação realizada por Julia Sayeg, arte educadora. 

Para Serginho, a visita também foi muito importante e a troca com os pequenos visitantes, muito rica. “Quando a gente começa a falar da nossa cultura, das nossas crianças, da nossa religião e cultura ancestral, os alunos ficam bem concentrados naquilo que a gente está passando para eles”, diz Serginho. 

Jovens da EM Profª Sebastiana Costa Bittencourt contribuem com mutirão para construção de viveiro de mudas na Aldeia Rio Silveiras. Fotos: Tcharlie Tuna

 

Jovens da EM Profª Sebastiana Costa Bittencourt contribuem com mutirão para construção de viveiro de mudas na Aldeia Rio Silveiras. Fotos: Tcharlie Tuna

 

Para o FunBEA, as Comunidades de Aprendizagem são “um processo educador que parte da premissa de que no encontro entre diferentes atores são construídas novas possibilidades de compreender o mundo e a si mesmo”. As CA’s são, então, espaços coletivos de aprendizado mútuo e troca de experiências entre diferentes modos de vida e existência. Delas, participam caiçaras, quilombolas, indígenas, periféricos, jovens, homens e mulheres. É um espaço plural que reforça a importância e o papel do outro na produção de sentidos e significados. 

A aliança entre o Coletivo ReUNA e o Pajé Serginho, é um exemplo concreto de como essa construção se dá na prática e a importância de serem oferecidas outras referências de relação com o mundo. “As crianças da escola saíram muito felizes, falando que queriam morar lá, que adoraram e que mudaram totalmente a visão que tinham sobre as pessoas que vivem na aldeia. Então, foi muito rico”, conta Natália. Para saber mais como foi a visita à Aldeia Rio Silveiras, clique aqui e assista ao vídeo produzido pelo Coletivo ReUNA.