Com mais de dez anos de história, o Instituto Capoeira Lobo Guará, localizado na costa sul de São Sebastião, vem se consolidando enquanto um espaço fundamental para a comunidade onde atua. O Instituto tem sua sede na comunidade de mesmo nome, um território que carrega vulnerabilidades mas, muito além disso, carrega também a vida em coletivo, a solidariedade e o sonho ativo pela construção de um outro mundo. Recentemente, o instituto deu mais um passo nessa direção: hoje, o coro de “zum zum zum capoeira mata um”, não é mais composto somente pelas palmas e vozes das crianças e jovens que frequentam as aulas de capoeira. Agora, é também fortalecido pelo zumbido das abelhas que compõem o meliponário Guardiãs da Mata.
O meliponário teve início ainda em 2020, quando Marcelo Silva, fundador da Capoeira Lobo Guará, cuidava de uma caixa de abelhas Mandaçaia, uma abelha sem ferrão, dócil e com um papel essencial para a polinização. Porém, em 2023, quando a maior chuva já registrada na história do Brasil atingiu o território do litoral norte, a caixa de abelhas estava entre tudo aquilo que foi levado pelas águas. Colocando em prática a resiliência ensinada pela prática da capoeira, Marcelo retomou o projeto e com o apoio da Chamada Pública FunBEA pela Justiça e Educação Ambiental Climática, concretizou o antigo sonho de ter, bem ao lado do espaço onde ocorrem as aulas de capoeira, o meliponário Guardiãs da Mata.
“O principal objetivo é passar informação para as pessoas sobre o que é melípona, o que é apis e incentivar as pessoas a terem a sua caixinha. Qualquer um pode cuidar de uma melípona, não toma espaço. Se você tem um jardim na sua casa, se você tem um um espaço arborizado, é só você colocar a sua caixinha e deixar”, conta Marcelo Silva.


Aqueles que visitarem o meliponário podem conhecer quatro tipos de abelhas melíponas que compõem o Guardiãs da Mata: Tubuna, Guaraipo, Mandaçaia e Jataí. Todas as caixinhas carregam placas com informações sobre características e distribuição geográfica, com o objetivo de contribuir para a sensibilização sobre a proteção e preservação das abelhas, fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas.
O meliponário também reflete o mote central do instituto: a perspectiva educadora. Hoje, a principal atividade desenvolvida pela organização são as aulas de capoeira, mas o trabalho desempenhado cotidianamente ultrapassa a prática do esporte. A atuação territorial do instituto constrói laços, fortalece o sentimento de comunidade e promove cultura e educação para as 130 famílias que vivem na Lobo Guará. “A relação entre a capoeira e o meliponário é a prática de passar os ensinamentos por meio da oralidade”, explica Marcelo.

Concretizando sonhos, potencializando territórios
Desde 2024, o Instituto Capoeira Lobo Guará vem recebendo apoio direto (financeiro) e indireto (formador) por meio de sua participação na Chamada Pública pela Justiça e Educação Ambiental Climática, que apoiou movimentos, organizações e lideranças do litoral norte de São Paulo com atuação na causa socioambiental. A partir da chamada, o FunBEA contribuiu com a concretização de iniciativas que já eram realizadas ou sonhadas nos territórios. Para Marcelo, o meliponário “não foi um projeto financiado pelo FunBEA, foi um legado deixado na comunidade”.
O apoio indireto (formador) promovido pelo FunBEA tinha como objetivo contribuir com a autonomia dos movimentos, organizações e coletivos por meio do fortalecimento institucional. Marcelo Silva conta que a formação foi fundamental para o instituto, pois durante as mentorias e encontros, ele desenvolveu meios e métodos que o ajudaram a atingir os objetivos da organização. “Essa formação para o Instituto Capoeira Lobo Guará foi importantíssima, tanto na questão de mobilização de recurso, quanto na questão de se formalizar mesmo. A gente sai totalmente fortalecido”, diz Marcelo.
Para conhecer mais do meliponário Guardiãs da Mata, assista à reportagem completa aqui.
